sexta-feira, 30 de maio de 2008

LUTO e Desabafo!

"A aposentada de 83 anos que estava há cinco dias esperando por uma vaga numa unidade de terapia intensiva (UTI), em Salvador, morreu nesta sexta-feira (30), antes de ser transferida. Foi a quarta pessoa que morreu este ano à espera de uma vaga em uma UTI.
O caso foi mostrado ontem (29) no BATV. Dona Carmelita Araújo teve um derrame no último domingo (25) e estava internada numa unidade de emergência no bairro de Pirajá, à espera de uma vaga. “Estava tentando conseguir uma vaga no hospital para ela”, declara Wlaneide Júnior, neto da aposentada."

Na postagem de ontem não citei o caso de Dona Carmelita Ana de Araújo de propósito, não queria citar porque tinha esperança dela conseguir um leito e ser internada (não, eu não à conhecia, apenas acompanhava o caso pela TV e Internet). Ela simplesmente morreu porque não recebeu o atendimento necessário para evitar a sua morte. As pessoas morriam assim na Idade Média, na Pré-História, no tempo em que não havia tecnologia suficiente para dar assistência, não no mundo atual. Ela morreu porque não tinha dinheiro para estar em um hospital particular. Hoje foi a Dona Carmelita, amanhã quantos serão? Já acompanho mais um caso assim:
"O caso de seu José dos Santos, 83 anos, que desde segunda-feira (26) está na unidade de emergência do bairro de São Caetano à espera de uma vaga. A direção da unidade preferiu não conceder entrevista, mas informou que o aposentado chegou com problema respiratório e hipertensão arterial, mas durante a semana o quadro dele foi agravado. Por isso, seu José dos Santos precisa de uma transferência urgente para o leito de UTI. Segundo a Secretaria Estadual da Saúde, as transferências não estão sendo feitas porque não há vagas nas UTIs e é preciso esperar que um paciente saia para dar lugar a outro. O neto da aposentada que morreu disse que vai entrar com uma ação na justiça contra o estado."

Essas notícias retomam para mim uma frase muito repetida em uma disciplina na faculdade: "Quantos morreram?", em que o valor-notícia cresce de acordo com a quantidade de vítimas. E penso: é frio pensar assim? É!, mas para um Jornal, o melhor é a má notícia, isso rende matéria e assim é a vida, mas em situações assim quantos precisam morrer para alguém tomar consciência do que está acontecendo, do que estão fazendo com a população? O sentimento é de impotência, sei que não posso mudar o mundo com as minhas palavras, mas não posso fazer de conta que coisas assim não existem como muitos o fazem, sei que o que aqui escrevo não ajudará as pessoas que permanecem na fila, à espera de uma vaga para a vida, mas ao menos gostaria que soubessem que alguém se importa.
Fonte: BA TV (30/05/08)
Foto: Blog Ocram


Até mais!

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